1. |
||||
Desde que resolvemos apartar-nos
Não ser bicho para ser a criatura
Ser senhor e rei de rio e prado
Vigiando tudo das alturas
De torres feitas de arrogância
Possuindo em cercas de monocultura
E num exercício de ganância
Tentar vencer a morte cavando sepulturas
Sala-cela - Condenamos e nos autocondenamos nela –
Sala-cela –, ao nos enjaularmos na cultura
Não tem volta, essa porta é só de entrada
E por dentro a porta não tem fechadura
A porta, não vamos sair por ela
Deixá-la e atravessar a sala escura
Tateá-la, acender uma vela
Ver cada buraco e rachadura
Chegar bicho ao lado oposto da cela
Malandro saltar rima e a janela
Sala-cela - Condenamos e nos autocondenamos nela –
Sala-cela –, ao nos enjaularmos na cultura
E ver a cultura do lado de fora
E estar pronto para viver só o agora.
|
||||
2. |
||||
O mundo é mostrado por lentes
Pelas quais dá cansaço olhar
Enfiam pupila abaixo falsa visão abrangente
Nítida, mas distante; focada, mas doente
Prefiro ser míope e ver bem no detalhe
Daquilo que eu vejo também sentir o calor
Pensar é estar doente dos olhos
Definir mata a imaginação
O míope olha tudo de perto
E com o coração compõe o universo
De longe ser Renoir e Monet
De perto não conceituar, só ver
Quem acha que vê bem à distância
Contenta-se com um plano geral
Generaliza e desconsidera
Que de perto nada é igual
E o que de fato é essência
É invisível ao olhar
Não há de fato visão perfeita
Há sempre muito mais que enxergar
Prefiro ser míope e ver bem no detalhe
Do que eu vejo sentir textura e odor.
|
||||
3. |
||||
Para articular a generalização
De que cada gênero em particular
Partícula x aqui e y acolá
Em cada alelo há paralela visão
Que não vai encontrar a outra
Nem no infinito
Pois homem é isso, mulher é aquilo
A animosidade é a regra solta.
Do contra, me anima outra função
A reta faz curva nesta minha ótica
No plano de fundo de todos y cruza com x
E a paralela fica mais parabólica.
O macho em mim é uma puta devassa
Meu lado fêmea é um padre repressor
Cio Animus seios, se a Anima bolas
Não penso régua, penso transferidor.
|
||||
4. |
Apimentando o nosso
03:34
|
|||
Pra madeira não apodrecer
Contaminada de umidade
“Hay que secar y endurecer”
Deixar a seiva escorrer – e evaporar
Arder – ficar ao sol – arder
Arder – cair na pira – arder
Pro aço esticar, dobrar, não romper
Tensionar sobre a madeira e soar
Há que derreter e temperar
E aí palheta até o dedo queimar
Arder – fundir, incandescer
Arder – até reverberar
Pro corpo não azedar em amargor
Pra doçura nunca enjoar
Malagueta pra trazer calor
Jalapeño pra melhor respirar
Pro nosso sambar dar rock ´n roll
Pra secar até a gota o rancor
A gente pode mesmo se esfregar
Num esfrega-esfrega de arranhar
Arder – deixa a paixão arder
Arder – o corpo e alma – arder
|
||||
5. |
Bom dia, cabeça de nabo!
03:45
|
|||
Ontem eu deitei aos oitenta
Com pelancas na autoestima
Esclerose na experiência
Reconhecendo tudo que vinha
Acordei aos quatro outra vez
Não sabia mais nem me limpar
Mas aquilo que chamo de eu
Era ainda algo a inventar
Se esperança é uma espinha
Então tive treze todo o dia
E se a subversão é uma punheta
A liberdade é a filha da vizinha
Fim de tarde, no ápice, aos quarenta
Enlacei a tua mão na minha
A vida começou com um beijo terno
Retornei ao útero materno
|
||||
6. |
||||
Todo toque é intimidade
penetrar de ponta de agulha
toda pele é tela excitante
onde a alma fagulha
A pele é um dentro explícito
que outra pele toca e tatua
tato aflora o íntimo, o implícito
desenha minha vida na tua
Todo rubor toda palidez
toda tinta ou traço incrustado
manifesta medo ou embriaguez
retrata sombra e ser revelados
A pele é um dentro explícito
que outra pele toca e tatua
tato aflora o íntimo, o implícito
desenha minha vida na tua
Todo abraço é toque de artista
que da obra não se indissocia
quando figura no outro molusco
também se desenha conchinha
A pele é um dentro explícito
que outra pele toca e tatua
tato aflora o íntimo, o implícito
desenha minha vida na tua
|
||||
7. |
voAR da cidade
04:55
|
|||
Quanta gente passa por mim – borbotão
Afogada em controle – gravidade
Sérios problemas da vida – realidade
De verdade? Voar quem te dá – visão
Correr o risco de cair para o céu
Não ter mais medo, não olhar para o chão
A cidade e seu trabalho agarrando pelos pés
O cinza do asfalto armadilha mordendo a canela
Meu pulmão é um barco a vela
Enfunado de azul, de estratosfera
Nossas asas são o olhar
Nossas asas são o olhar
Nossas asas são o olhar
Nossas asas são o olhar
O asfalto em pó no horizonte quer turvar o espaço
Nubla o caminho – poeira de pés arrastados
Batendo as asas do sonho, fazendo vento
Soprando o túmulo de fumaça – vivendo
|
TuNa Punk Rock São Paulo, Brazil
Punk rock sensual, pró mistura de suor, pró intimidade, pró autoconsciência…
Streaming and Download help
If you like TuNa Punk Rock, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp